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Desenvolvimento Portlets: JSRs 168 e 286

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Duas JSRs, 168 e 286, atendem à criação de portlets. Em outubro de 2003 o JCP lançou a JSR-168, a primeira especificação que padroniza como os componentes devem ser desenvolvidos para os servidores de portal. Como as outras grandes JSRs, a JSR-168 possui o aval dos maiores fornecedores de portais. Esta especificação atende aos seguintes quesitos:

  • O contrato de contêiner de portlet e o gerenciamento do ciclo de vida do portlet; 
  • A definição dos estados das janelas e os modos do portlet; 
  • Gerenciamento das preferências do Portlet; 
  • Informações do Usuário como nome, endereço, e-mail, que podem ser informadas no arquivo de deployment descriptor e que podem ser recuperadas por um objeto Map através da constante USER_INFO definida na interface PortletRequest
  • Empacotamento e Deployment; 
  • Segurança; 
  • Tags para JSF. 
Mas, quando grandes fornecedores como a Apache, BEA, Borland, Oracle, IBM, SAP entre outros que fazem parte do expert group da JSR-168 começaram a criar as suas soluções de Portal, começaram a surgir também alguns problemas relacionados à limitação da especificação que antes não haviam sido detectados.
Conforme a adoção por soluções de portal baseadas na JSR 168 começou a aumentar, naturalmente o público consumidor destas soluções e o próprio negócio passou a demandar cada vez mais funcionalidades, que não haviam sido contempladas, fazendo com que soluções proprietárias fossem criadas pelos fornecedores. Entre as limitações da primeira versão da especificação de Portlets (JSR-168), podemos citar:
  • Falta de filtros para portlets (similar aos Filtros nos Servlets); 
  • Ausência de funcionalidades para a intercomunicação entre os portlets; 
  • Limitação do Escopo de Sessão do Portlet, onde a sessão do Portlet na JSR 168 se restringe apenas ao ID individual da aplicação e não da sessão do usuário do Portal. 
Essas limitações culminaram no lançamento da JSR 286, que define a segunda versão da API de Portlets. A JSR 286 incluiu novas funcionalidades como tratamento de eventos, envio e recebimento de parâmetros (permitindo a passagem de parâmetros entre os portlets), inclusão de filtros, suporte a Ajax e a disponibilidade de recursos do servidor, com o uso da interface ResourceServingPortlet.

Contrato do Contêiner e Gerenciamento do ciclo de vida do Portlet

A especificação da JSR-286 define um contrato para o contêiner de portlets. O contrato define quais métodos o contêiner deve chamar durante o ciclo de vida do portlet mediante o uso da interface javax.portlet.Portlet. O desenvolvedor pode implementar estes métodos para fornecer a funcionalidade desejada. Dessa forma, todo portlet tem que implementar esta interface, seja implementando-o diretamente ou estendendo uma classe existente que a implemente.
Os métodos do ciclo de vida executados pelo contêiner definidos pela interface javax.portlet.Portlet são apresentados na Tabela 1.

Método
Descrição
init()
Método executado quando o portlet for instanciado no contêiner.
processAction()
Chamado após o usuário submeter requisições ao portlet. É onde processamos os inputs disparados por uma ação do usuário do portlet.
render()
Chamado sempre que o portlet é reconstruído na tela.
destroy()
Executado no momento em que o contêiner destrói o portlet. Útil para liberarmos recursos que não estejam sendo utilizados, por exemplo, conexões com banco de dados.
Tabela 1. Métodos do ciclo de vida de um portlet

A especificação da JSR-286 ainda fornece interfaces opcionais para controle do ciclo de vida que o Portlet pode implementar como EventPortlet, que permite ao Portlet reagir às ações ou mudanças de estado oriundas da interação do usuário com o portlet ou ações originadas por outros portlets e a interface ResourceServingPortlet, utilizada para disponibilizar recursos do servidor no Portlet.

Portlet Modes e Window States

Para cada portlet existem dois itens de estado gerenciado, que são o modo do portlet (portlet mode) e o estado da janela (window state). Cada portlet possui um “portlet mode” corrente que indica a função que o portlet está realizando.
Os modes (ou modos) definidos na especificação são VIEW, EDIT e HELP. Estes modos são utilizados pelo método de renderização render(), conforme vimos na Tabela 1, para decidir qual método de visualização deve ser chamado. Os métodos de renderização chamados são apresentados na Tabela 2.

Método
Descrição
doView()
Método chamado por render() quando o portlet está em modo de visualização (VIEW). Deve conter a lógica que apresenta a página de Visualização para o portlet.
doEdit()
Chamado por render() quando o portlet está em modo de edição (EDIT).
doHelp()
Chamado por render() quando o portlet está em modo de ajuda (HELP) .
Tabela 2. Métodos de renderização do Portlet Mode

A classe PortletMode define constantes para estes portlet modes. A disponibilidade dos modos para o portlet pode ser restrito a roles (papéis) específicos de usuários do portal. Por exemplo, um usuário anônimo pode acessar o portlet apenas nos modos VIEW e HELP, enquanto que a role EDIT pode ser utilizada somente por usuários autenticados.
Outro tipo de estado gerenciado, o estado da janela (window state), apresenta a quantidade de informações que será disponibilizada para o portlet. A especificação define três tipos de estados para cada portlet, que são: normal, maximizado e minimizado. A classe WindowState possui constantes para estes estados da janela.
Para um maior entendimento, a Figura 1 apresenta estes conceitos de portlet mode e window state aplicados a um portlet.
Figura 1. Anatomia de um portlet
Opcionalmente o desenvolvedor pode especificar tipos customizados de modo e estado de janela, alterando o arquivo portlet.xml com uso da tag custom-window-state para estados de janela e custom-portlet-mode para modos.

JSF/Portlet Bridge

Como parte do projeto OpenPortal da Sun, foi criado o projeto JSF/Portlet Bridge, que tem como objetivo fornecer uma biblioteca de integração que permita que aplicações desenvolvidas com JSF possam ser executadas em um ambiente de Portlet.
Para atender à especificação de portlets, o JCP disponibilizou a JSR 301 para definir como um portlet 286 interage com os artefatos do JSF. A especificação foi para votação em Julho de 2006, mas somente em Janeiro de 2009 o draft da proposta final foi disponibilizada para o público.
Portlet Bridge é uma tecnologia utilizada por um portlet para fazer uma ponte (por isso o nome bridge) para um ambiente de execução, onde diferentes abstrações são utilizadas para processar as interações com o usuário ou para renderizar a interface gráfica.
O Portlet Bridge age como um engine tradutor entre o ambiente de portal e o sistema destino, neste caso, uma aplicação desenvolvida com o framework JSF. Ele ainda fornece uma abstração do ambiente de portal para o ambiente do bridge, deixando os desenvolvedores livres para executar aplicações Faces como portlets, sem a necessidade de conhecerem os detalhes das APIs de portlet e seu modelo de desenvolvimento.
A Figura 2 ilustra uma aplicação portlet utilizando o JSF/Portlet Bridge para executar páginas Faces como se fossem fragmentos de um portlet
Figura 2. JSF/Portlet Bridge entre uma aplicação Portlet e uma aplicação JSF.

Transformando sua aplicação JSF em um portlet

Para tornar uma aplicação JSF compatível com a JSR 168/286 é preciso fazer algumas alterações na aplicação antes de executá-la como um portlet.
Primeiro, para utilizar o JSF Portlet/Bridge é preciso efetuar o download da biblioteca jsf-portlet.jar no site java.net (ver ao final, em Referências) e copiá-la para o diretório WEB-INF/lib da aplicação JSF que você deseja executar como portlet.
Uma vez adicionado o arquivo .jar ao classpath da aplicação, é preciso adicionar o arquivo deployment descriptor portlet.xml para o portlet. Neste arquivo vamos informar a classe com.sun.faces.portlet.FacesPortlet para a tag portlet-class. Esta classe é a implementação da interface javax.portlet.Portlet fornecida pela biblioteca do JSF/Portlet Bridge, e é ela que fará o trabalho de converter as páginas JSF para páginas de visualização no Portlet.
É preciso também informar qual página queremos utilizar como página inicial do portlet, informando o parâmetro de portlet com.sun.faces.portlet.INIT_VIEW para a página desejada, conforme mostra a Listagem 1 entre as linhas 08 e 15.


    
        Portlet JSF
        Teste
        Portlet JSF/Portlet Bridge
        
        com.sun.faces.portlet.FacesPortlet
        
        
            Página inicial do Portlet 
            com.sun.faces.portlet.INIT_VIEW
            /index.jsp
        
        
            text/html
            VIEW
            EDIT
            HELP
        
        
            Portlet JSF
            JSF
        
    

Listagem 1. Portlet.xml de uma aplicação JSF
Para incluir a página de edição do portlet, o procedimento é similar. Nos parâmetros iniciais do arquivo portlet.xml, devemos incluir o parâmetro de portlet com.sun.faces.portlet.INIT_EDIT, conforme o trecho da Listagem 2. Essa ação fará com que o contêiner de portlets interprete a página JSF editar.jsp citada na listagem, como modo de visualização EDIT.


  Página de Edição do Portlet
  com.sun.faces.portlet.INIT_EDIT
  /editar.jsp

Listagem 2. Inclusão da página de edição JSF no portlet

O mesmo se aplica para a página HELP, com a inclusão do parâmetro com.sun.faces.portlet.INIT_HELP.
Além disso, se em nossa aplicação houver mais de uma página, podemos atribuir regras de navegação para cada uma destas páginas, e por ser uma aplicação JSF o modelo de navegação é o do próprio JavaServer Faces.

O modelo de navegação do JSF torna fácil o trabalho de definir a regra de navegação das páginas do projeto, com a utilização de apenas algumas linhas no arquivo faces-config.xml da aplicação JSF. Podemos indicar qualquer página do portlet como referência para navegação, conforme demonstra a Listagem 3.

Na Listagem 3, utilizamos o modelo de navegação declarativo do próprio JSF para definir a navegação de um portlet. Como não é o escopo deste artigo, não iremos explicar o funcionamento das regras de navegação do JavaServer Faces, mas apenas para ilustrar, nesta listagem definimos uma regra que ao ser disparada uma ação na página editar.jsp, a aplicação irá navegar desta página para a página index.jsp, se o resultado referenciado pelo componente que disparou a ação de navegação da página editar.jsp for success.

  /editar.jsp
  
    success
    /index.jsp
  

Listagem 3. Navegação entre páginas JSF em um portlet
Por fim, para executar a aplicação é preciso somente efetuar o deploy do arquivo WAR para o seu servidor de portal preferido.
WSRP
WSRP significa Web Services for Remote Portlets, ou web services para portlets remotos. WSRP é uma tecnologia definida pela OASIS, e propõe um padrão para web services visuais que podem ser plugados em ambientes de portal que estejam aderentes à especificação, ou seja, se em um web service padrão nós reutilizamos o serviço com WSRP, reutilizamos toda a interface gráfica.
OASIS: Consórcio global formado por grandes empresas de tecnologia da informação como IBM, SAP, AG, Sun Microsystems, que conduz o desenvolvimento, convergência e adoção de padrões para e-business e web services, produzindo diversas especificações e padrões relacionados a áreas como SOA, web services, processamento de XML, segurança da informação e supply chain. 
Atualmente a API WSRP está na versão 2.0 e possui um fluxo bem simples. O owner do portal ou da aplicação primeiro inclui em seu ambiente de portal um web service de terceiro (WSRP) dentro de um portlet. A partir deste momento, o portlet irá interagir com o conteúdo e com os serviços descritos no documento wsdl do WSRP, conforme veremos em detalhes mais adiante.

Um WSRP define:
  • Uma interface WSDL para invocação dos serviços WSRP; 
  • Como publicar, buscar, e efetuar bind dos serviços WSRP e metadados; 
  • Regras de fragmentação por marcação, para marcações emitidas pelos serviços WSRP. 
WSDL: Significa Web Service Definition Language, é uma linguagem baseada em XML utilizada para descrever web services. Além de descrever o serviço, um documento WSDL especifica os métodos e operações disponíveis e como acessá-los. 

WSRP é útil para o desenvolvimento web pois ele desacopla o deployment da entrega da aplicação, assim como fornece tanto os dados quanto a lógica de apresentação e requer pouca ou nenhuma programação para implementação do serviço. Além disso, WSRP fornece uma série de benefícios adicionais, como interoperabilidade e portabilidade. Normalmente um servidor de portal pode atuar como um produtor ou consumidor de WSRP.
Graças a essa interoperabilidade com o WSRP, podemos então rodar portlets Java remotos em uma ferramenta de portal que não seja em Java, como no Microsoft SharePoint.
Entre as desvantagens, estão a adoção ainda baixa por parte dos fornecedores, e a performance, que tende a ser baixa em grandes aplicações.

Como funciona?

Basicamente, um WSRP envolve dois componentes, além do portlet em si, conforme demonstra a Figura 3. A aplicação remota, conhecida como WSRP Producer, implementa os padrões de web services utilizando a especificação SOAP (Simple Object Access Protocol) sobre HTTP.
O WSRP Producer fornece um conjunto de operações para os consumidores do serviço, onde dependendo da implementação, o Producer pode tanto oferecer apenas um portlet quanto pode fornecer um ambiente para gerenciamento de diversos portlets. Resumindo, o WSRP Producer é um web service verdadeiro, com um WSDL e um conjunto de endpoints. Cada WSRP Producer é descrito utilizando um documento WSDL padrão.
O segundo componente é o WSRP Consumer, que é o cliente do serviço e que age como uma aplicação de portal para consumir o serviço baseado no arquivo WSDL do Producer.
Figura 3. Consumo de um WSRP

Interfaces do WSRP
Conforme explicado, WSRP define um conjunto de interfaces que todo WSRP Producer deve implementar e que todo WSRP Consumer utiliza para interagir com os portlets remotos. O grande benefício de se padronizar estas interfaces é a possibilidade de criar portlets genéricos. Isto garante que todo fornecedor de portal que queira suportar WSRP deve seguir a especificação.
A especificação WSRP propõe as interfaces definidas na Tabela 3.

Interface
Descrição
Obrigatório?
Service Description Interface (Interface de Descrição de Serviço)
Essa interface fornece uma descrição dos serviços fornecidos pelo Producer. Baseado nestas informações, o Consumer é capaz de determinar o que é preciso para executar o portlet, como por exemplo, inicializar um cookie antes que o Consumer interaja com qualquer um dos portlets.
Sim
Mark-up Interface (Interface de Marcação)
A Interface de Marcação permite que o Consumer interaja com o portlet remoto. Por exemplo, o Consumer poderia utilizar esta interface para realizar interações quando um usuário final submete um formulário a partir de uma página de portal. Além disso, o portal pode precisar obter a última marcação baseada no estado atual do portlet (por exemplo, quando um usuário atualiza o navegador ou inicia uma interação com outro portlet na mesma página).
Sim
Registration Interface (Interface de Registro)
Esta Interface permite que o Producer obrigue que os Consumers façam um registro antes de interagir com o serviço através do uso das interfaces de Service Description e Mark-up.
Não
Portlet Management Interface (Interface de Gerenciamento do Portlet)
Esta interface fornece acesso ao ciclo de vida do portlet remoto. Um Consumer poderia customizar o comportamento do portlet ou até mesmo efetuar uma chamada ao método destroy() mediante o uso desta interface.
Não
Tabela 3. Interfaces definidas na especificação WSRP

No mais é isso, 
Diversão Garantida!!!

Introdução a JAX–RS – Java API for RESTful Web Services

sábado, 16 de outubro de 2010

JAX-RS é a solução do JCP para o estilo de programação REST. A proposta final da especificação foi liberada para o público no inicio de Agosto de 2008,. A especificação define um conjunto de APIs Java para
auxiliar no desenvolvimento de web services baseados em REST.
O objetivo da API é fornecer um conjunto de anotações, classes e interfaces para expor uma classe POJO
como um web service RESTful, de modo que possamos fazer uma programação fácil e de alto nível.


Trabalhando com os recursos

Para uma classe ser determinada como um recurso, ela tem que ser uma classe POJO com pelo menos um método anotado com a anotação @Path.
A anotação @Path pode ser colocada na declaração de classe ou de um método e possui o elemento value
obrigatório. Por este elemento definimos o prefixo da URI que a classe ou o método irá atender. Na Listagem 01, a classe Repositorio é identificada pela URI relativa “/repositorio/{id}”, onde {id} é o valor do parâmetro id, fornecido junto a URI.
Mais adiante, demonstraremos como extrair valores como esse de uma URI utilizando anotações especificas.

@Path("/repositorio/{id}")
public class Repositorio { ... }
Listagem 01 - Mapeando uma URI para uma classe com @Path.

A especificação define que no ciclo de vida de um recurso, por padrão, sempre que for feito uma requisição a um recurso, será criada uma nova instância de uma classe REST. Primeiro o construtor é chamado pelo contêiner, por conta disto, o construtor da classe deve ser público. Após este primeiro passo, o contêiner efetua as injeções de dependência nos devidos métodos e o método designado para aquele recurso é invocado. E finalmente após a chamada ao método o objeto fica disponível para o garbage collector.
Geralmente a anotação @Path é incluída na declaração de um método quando queremos atribuir um caminho mais específico para um recurso, de forma a especializar nosso método, como na Listagem 02. Note no exemplo como a URI é mapeada com a classe e o método.
@Path("/vendas/")
public class Repositorio {
  @GET
  @Produces("application/xml")
  @Path("/pedidos/{numPedido}/")
  public PedidoAsXML getPedido(@PathParam("numPedido") Integer id){
    // retorna Pedido em formato XML.
  }
}
Listagem 02 - Mapeando uma URI para uma classe com @Path.

Acessando os Recursos

Para acesso aos recursos, a especificação JAX-RS define um conjunto de anotações correspondentes aos métodos HTTP, como @GET, @POST, @PUT, @DELETE, @HEAD.. Elas devem ser atribuídas a métodos públicos. O método anotado com @GET, por exemplo, irá processar requisições HTTP GET na URI atribuída. O comportamento do recurso é determinado pelo método HTTP ao qual o recurso está respondendo.
É bom entender o papel e o uso de cada um destes métodos HTTP no momento de projetar nossos serviços.
Além dos métodos definidos pelo JAX-RS, podemos criar uma anotação customizada como @MKCOL, com uso da anotação HttpMethod, conforme ilustra a Listagem 03.
Com esta anotação podemos criar métodos customizados e extender a gama dos métodos pré-existentes e utilizar os métodos definidos pelo WebDAV, como fazemos na Listagem 3, ou podemos alternar um método padrão para a anotação customizada, onde para isso poderíamos simplesmente informar como valor para anotação HttpMethod o valor do método que queremos sobrepor, por exemplo, para sobrepor o método PUT a declaração da anotação ficaria
@HttpMethod("PUT").

@Target(ElementType.METHOD)
@Retention(RetentionPolicy.RUNTIME)
@HttpMethod("MKCOL")
public @interface MKCOL {
}
Listagem 03: Utilizando a anotação HttpMethod para criar uma anotação customizada.

Representações: Quais são os sabores?

As classes de uma aplicação RESTful podem ser declaradas para suportar diversos tipos de formatos durante um ciclo requisição-resposta. Para isso a especificação define as anotações @Consumes e @Produces para o tratamento da request e response respectivamente.
Com estas anotações o servidor declara o tipo de conteúdo que será trafegado, através do cabeçalho (header) do protocolo HTTP, estas anotações podem ser aplicadas na declaração de uma classe, ou podemos utilizar estas anotações na declaração do método para sobrescrever a declaração da classe, na ausência destas anotações, será assumido como default qualquer tipo de retorno ("*/*").
No caso da anotação @Produces, ela é utilizada para mapear uma requisição de um cliente com o cabeçalho do cliente (parâmetro Accept). Desta maneira, podemos definir mais de um tipo de retorno da URI solicitada, como JSON e XML, como no exemplo da Listagem 04:
@GET
@Produces({"application/xml", "application/json"})
public PessoaConverter getPessoa(@QueryParam("CPF") String numCPF) {
  // Retorna representação em XML ou JSON
}
Listagem 04 - Declarando o tipo de retorno com a anotação @Produces.

Pegando o exemplo da Listagem 04, podemos testar o retorno da chamada utilizando uma das ferramentas
citadas no tópico "Como consumir serviços REST", como a ferramenta RESTClient, por exemplo, e incluir na aba "Headers" o parâmetro "Accept" e no campo Value especificar o tipo de retorno primeiro com XML e depois com JSON, conforme Figura 01:

Figura 01 - Testando tipos de retorno para a mesma URI com RESTClient.

Com a anotação @Consumes por outro lado, podemos definir os tipos de mídia que um recurso em particular consome. Como o exemplo da Listagem 05, onde estamos declarando que o método consome apenas formatos do tipo XML e JSON:
@PUT
@Consumes("application/xml","application/json")
@Path("/autores/")
public Response putPessoa(PessoaBinding pessoa) {}
Listagem 05: Uso da anotação @Consumes.

Extraindo parâmetros e valores da URI na requisição.

JAX-RS fornece algumas anotações para extrair informações de uma requisição. Existem seis tipos de parâmetros (ver Tabela 01) que podemos extrair para utilizar em nossa classe recurso. Para os parâmetros de query utilizamos a anotação @QueryParam. Para os parâmetros de URI(path) existe a anotação @PathParam.
Para os parâmetros de formulário existe @FormParam. Já para parâmetros de cookie existe @CookieParam.
Para os parâmetros de header existe @HeaderParam e, finalmente, para os parâmetros de matriz existe a anotação @MatrixParam.
Estas anotações podem ser aplicadas diretamente a parâmetros de um método. Desta forma vinculamos o valor do parâmetro de uma URI a algum parâmetro de entrada de um método. Para contextualizar, veja um exemplo na Listagem 06:
@Path("/editora/")
public class EditoraResource {
  @GET
  @Produces("application/xml")
  @Path("/autores/{nomeAutor}/")
  public PessoaBinding getPessoa(@PathParam("nomeAutor") String name,
                       @QueryParam("idade") int idade,
                       @HeaderParam("CPF") String numCPF,
                       @MatrixParam("statusCivil") String statusCivil) {
     return new PessoaBinding(name, idade, numCPF, statusCivil);
  }
}
Listagem 06 – Mapeando os parâmetros de uma URI para os parâmetros de um método.

Na Listagem 06, vemos a aplicação de várias anotações de parâmetro de URI em um único método. Para entender melhor como será feito o DE-PARA da URI para os parâmetros de entrada, vamos fazer uma chamada a este recurso com a biblioteca curl, apresentado na Figura 02.

Figura 02 - Fragmentando a URI para demonstrar anotações de mapeamento.



Tabela 01 - Anotações JAX-RS para extração de informações da URI.

No exemplo da Listagem 06 não demonstramos o uso das anotações CookieParam e FormParam, mas o seu uso é bem similar. No caso de FormParam, esta anotação pode capturar todos os valores submetidos de um formulário HTML e injetá-los nos parâmetros desejados. Veja um exemplo simples na listagem 07. Trata-se de um formulário HTML e de um método que irá receber estas informações.

Nome: Idade:
@Path("/editora/")
public class EditoraResource {
  @GET
  @Path("/autores/")
  public PessoaBinding getPessoa(@FormParam("nomeAutor") String name,
                       @FormParam("idade") int idade) {
    return new PessoaBinding(name, idade);
  }
}
Listagem 07 - Uso da anotação FormParam.

No caso da anotação CookieParam, conseguimos injetar o valor de cookie ou a classe Cookie do javax.ws.rs.core, que representa o valor de um cookie HTTP na invocação de um método.

Dados de Contexto

A especificação JAX-RS dispõe de um recurso para a obtenção de informações do contexto da aplicação e de requisições individuais. Estas informações são disponíveis tanto para as classes recursos quanto para os providers. Para a recuperação destas informações existe a anotação @Context, que ao ser aplicada sobre um campo, método ou parâmetro, identifica um alvo a ser injetado pelo contêiner.
O contêiner fornece instâncias dos recursos listados na tabela 02, mediante a aplicação da anotação @Context.


Tabela 02: Lista de recursos injetados pelo contêiner pela anotação @Context.

Tratando o retorno dos métodos ao Cliente.

Os tipos de retorno de uma chamada a um método recurso podem ser do tipo void, Resource, GenericType ou outro tipo Java. Esses tipos de retorno são mapeados ao entity body da Response cada um de uma maneira, de acordo o provider padrão, conforme veremos a seguir.
Para os retornos do tipo void, o retorno será um corpo vazio com status 204 do HTTP. Para tratar o retorno ao cliente foi disponibilizada a classe abstrata Response. Com essa classe definimos um contrato entre a instância de retorno e o ambiente de execução, quando uma classe precisa fornecer metadados para ambiente de execução.
Podemos estender esta classe diretamente ou, ainda melhor, podemos criar uma instância utilizando sua classe interna ResponserBuilder. Por essa classe podemos construir objetos do tipo Response, adicionar metadados, adicionar cookies, adicionar dados no Header, informar a linguagem, entre outras informações.
Na Listagem 08, no método putPessoa, fazemos uso do método Response. Note que não a instanciamos diretamente, pois ela é uma classe abstrata que implementa o padrão de projeto Builder.
Dentro do método, primeiramente efetuamos uma chamada ao método estático created, passando como parâmetro a URI que obtemos através da classe injetada UriInfo. Esta classe retorna o objeto ResponseBuilder, que é uma subclasse de Response, esta subclasse é utilizada exclusivamente para criar instâncias de Response.
Por ResponseBuilder ser uma classe de construção (Builder), podemos efetuar chamadas recursivas aos métodos de parametrização. Após a chamada ao método created, chamamos o método status, no qual atribuímos o código de status HTTP 202 (Accepted) e logo após atribuímos uma entidade à requisição, no nosso exemplo um código HTML simples, pelo método entity. Na chamada ao método type seguinte, especificamos o tipo de mídia trafegado, neste caso TEXT_HTML. No final fazemos uma chamada ao método build, que constrói o objeto Response.
E por fim o objeto GenericEntity representa uma entidade de um tipo genérico, muito útil quando precisamos retornar uma Response personalizada e reter informações genéricas. Pois informações de tipos genéricos são apagadas ao utilizar uma instância.

@Context protected UriInfo uriInfo;
@PUT
@Consumes("application/xml")
@Path("/MundoJava/update/")
public Response putPessoa(PessoaBinding pessoa) {
     String retorno = "Bem vindo "+pessoa.getNome();
     Response response = Response.created(uriInfo.getAbsolutePath()).
                                       status(Response.Status.ACCEPTED).
                                       entity(retorno).
                                       type(MediaType.TEXT_HTML).
                                       build();
     return response;
}
Listagem 08 – Tratando a Response do cliente.

Entity Providers

Entity providers fornecem serviços de mapeamento entre representações e seus tipos associados Java. Existem dois tipos de entity providers, MessageBodyReader e MessageBodyWriter.
A especificação JAX-RS define que para alguns tipos, o contêiner pode automaticamente serializar (marshal) e deserealizar (unmarshal) o corpo de diferentes tipos de mensagens, listados na tabela 03.
Tabela 03: Tipos de Mídia e seus tipos Java correspondentes.

Para requisições HTTP, podemos mapear o corpo da entidade para um parâmetro de método com uso da interface MessageBodyReader, para o tratamento das responses, o valor de retorno é mapeado para o corpo da entidade de um método HTTP com uso da interface MessageBodyWriter.
Pode ser que no desenvolvimento de nossas aplicações, estes tipos padrões não atendam a necessidade de negócio e tenhamos que lidar com tipos que não sejam suportados pelos tipos default, para contornar esta limitação, a API JAX-RS permite que a criação de Providers para Message Body customizáveis, com métodos para conversão de InputStream/OutputStream para objetos Java do tipo T.
Para criar nosso próprio provider customizado, a especificação disponibiliza a anotação @Provider, que ao ser aplicado sobre uma classe, estamos automaticamente registrando este classe junto ao contêiner. 
Porém, é importante ressaltar, que esta funcionalidade apesar de muito útil, pode ser tornar um problema em grandes projetos, que podem utilizar providers com o mesmo nome em diferentes bibliotecas, podendo ocasionar conflitos.
Caso a aplicação necessite de informações adicionais, como HTTP Headers ou um código de status diferente, o método pode retornar o objeto Response que encapsule a entidade. 
Veja um exemplo extraído de um sample da implementação de referência da Sun, o Jersey, na listagem 09, esta classe implementa um MessageBodyWriter para uma classe Properties.

@Produces("text/plain")
@Provider
public class PropertiesProvider implements MessageBodyWriter {
    public void writeTo(Properties p, 
            Class type, Type genericType, Annotation annotations[],
            MediaType mediaType, MultivaluedMap headers, 
            OutputStream out) throws IOException {
        p.store(out, null);
    }
    public boolean isWriteable(Class type, Type genericType, Annotation annotations[], MediaType mediaType) {
        return Properties.class.isAssignableFrom(type);
    }
    public long getSize(Properties p, Class type, Type genericType, Annotation annotations[], MediaType mediaType) {
        return -1;
    }
}
Listagem 09: Uso da tag @Provider.
Tratando Exceções

Para tratamento de exceções, a especificação JAX-RS define a exceção WebApplicationException que estende RuntimeExcetion, que pode ser lançada por um método de recurso, por um provider ou por uma implementação de StreamingOutput. Esta exceção permite que abortemos a execução de um serviço JAX-RS. 
Como parâmetro de construtor, podemos utilizar um código de status HTTP ou até um objeto Response. Veja um exemplo na listagem 10:

@GET
@Produces("application/xml")
@Path("/autores/{personName}/{idade: [0-9]+}/")
public PessoaBinding getPessoa(@PathParam("personName") String name, @PathParam("idade")
    int idade, @HeaderParam("CPF") String numCPF) {
    if (idade <= 0 || idade > 120){
        throw new WebApplicationException(Response.
                                          status(412).
                                          entity("Idade inválida!").
                                          build());
    }
  return new PessoaBinding(name, idade, numCPF);
}
Listagem 10: Uso de exceção com WebApplicationException.

Por padrão, quando uma classe JAX-RS ou um método provider lança uma exceção em tempo de execução, essa exceção é mapeada a um código de status HTTP adequado. Nós podemos customizar a nossa exceção conforme a necessidade, para isto, a especificação define a interface ExceptionMapper, com ela podemos criar nossos próprios providers e customizar este mapeamento, para tanto, a implementação desta interface deve estar anotada com @Provider. Veja um exemplo na listagem 11:

@Provider
public class IdadeInvalidaExceptionMapper implements ExceptionMapper{
  public Response toResponse(IdadeInvalidaException ex) {
    return Response.status(412).entity(ex.getMessage()).build();
  }
}
Listagem 11: Mapeando uma exceção Java para uma Response.

Na listagem 11 perceba que registramos a classe ExceptionMapper da mesma maneira que registramos MessageBodyReaders e MessageBodyWriters. Ao utilizarmos a exceção IdadeInvalidaException em um método RESTful como no método da listagem 12, o contêiner irá em tempo de execução identificar o provider e irá mapear esta exceção com IdadeInvalidaExceptionMapper.


@GET
@Produces("application/xml")
@Path("/autores/{personName}/{idade: [0-9]+}/")
public PessoaBinding getPessoa(@PathParam("personName") String name, @PathParam("idade")
int idade, @HeaderParam("CPF") String numCPF) throws IdadeInvalidaException {
    if (idade <= 0 || idade > 120)
       throw new IdadeInvalidaException("Idade Inválida!");
    return new PessoaBinding(name, idade, numCPF);
}
Listagem 12: Uso de exceção de negócio, que é mapeada para Response.
Assim como toda nova tecnologia, JAX-RS não é uma bala de prata, mas sabendo o momento de usá-la se torna uma ferramenta poderosa de integração, em termos de facilidade no desenvolvimento e requerer uma
infraestrutura mais leve, dispensando o uso de um middleware WS-*.
Use e abuse! Diversão garantida!

Introdução a Portais Corporativos

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Se buscarmos a definição de Portal no dicionário, na maioria delas veremos que ele é definido como “uma porta, portão ou entrada”. Quando falamos em Portais web, estamos nos referindo a sites especiais da web ou intranet, que são designados a agir como um gateway de acesso a outros sites.
Um portal agrega informações de múltiplas fontes e torna estas informações disponíveis para diversos usuários. Além de disponibilizar diversas fontes de informações, eles fornecem um guia de serviços que auxiliam os usuários a se direcionarem no meio de tantas informações na internet.
Mais especificamente, um portal não deve ser visto somente como gateway para outros sites, mas para todos os recursos acessíveis na rede, que envolve intranets, extranets ou a própria Internet. Em outras palavras, um portal oferece acesso centralizado para aplicações e todo conteúdo relevante para a empresa/usuários finais. Na Figura 1 apresentamos a arquitetura de um portal, formado por um servidor web, um contêiner de Servlets/Portlets e as aplicações (portlets) para o portal, conforme veremos em detalhes no decorrer do artigo.

Figura 1. Arquitetura de um portal

Durante muito tempo as ferramentas de portal foram ignoradas e até mesmo discriminadas por muitos programadores que achavam que elas eram de uso exclusivo para web designers. Mas com o surgimento da arquitetura orientada a serviços e a busca frenética das empresas em disponibilizar soluções mais baratas e produtivas, com o intuito de reduzir o Time-to-Marketing, esse tipo de ferramenta voltou com toda a força para fazer o que sempre fez: facilitar a vida de todos. A partir desta análise, mostraremos nesse artigo as vantagens do uso de uma ferramenta de portal, e qual o papel do programador neste contexto.
Segurança
A etapa mais cansativa e torturante para um desenvolvedor é ter que gastar seu tempo desenvolvendo módulos de segurança de uma aplicação, sendo que esses módulos geralmente são constituídos por telas de autenticação, tratamentos de usuários e grupos de usuário, utilização de repositórios LDAP, e em algumas vezes a integração com um autenticador para desfrutar do tão desejável Single Sign On .
Além de ter todas essas características, muitas vezes é necessário desenvolver soluções “self-service”, para que o administrador do ambiente de Portal tenha autonomia para gerenciar o repositório de usuários e dar permissões de uso para as funcionalidades da ferramenta.
Praticamente todas as soluções de portal possuem todo esse mecanismo pronto, possibilitando ao programador se dedicar somente no desenvolvimento das aplicações de automatização do negócio.
Conteúdo
No desenvolvimento completo de uma solução como uma “Intranet”, é comum ver que todo o tempo de desenvolvimento é gasto na criação de aplicações para gerenciamento de conteúdo, como funcionalidades de notícias, biblioteca de documentos, áreas institucionais e qualquer outra seção que necessita de um gerenciamento de informações por parte do usuário do sistema. Em um projeto deste tipo, também é comum que todas essas funcionalidades passem por uma governança editorial, e que inevitavelmente necessitem de um mecanismo de workflow. Essas são funcionalidades típicas nas ferramentas de portal, o que fez com que todos achassem que esse tipo de ferramenta só proporcionava esse benefício.
Há empresas que buscam outras soluções que vão além de um simples gerenciamento de conteúdo, indicando que elas devem ser mais robustas e possuir módulos de digitalização, transformação e busca de conteúdo. Esses sistemas, chamados ECM (Enterprise Content Management), muitas vezes dependem de uma ferramenta de portal para disponibilizar o conteúdo trabalhado. Este é só um exemplo de ferramenta que necessita de um portal como camada de visão. E a forma com a qual esse e outros tipos de ferramentas mostram suas funcionalidades é através dos chamados portlets.
Portlet
A internet fornece um conjunto de informações quase que ilimitado para diversos tipos de dispositivos. Com o advento da web foi criado um universo de padrões e protocolos de comunicação, recursos, e uma linguagem de marcação utilizada para apresentação (HTML). Mas a web e seus protocolos foram projetados para atender ao conceito de uma página como um pedaço estático único de informação, apresentado em um navegador, como uma entidade completa e inalterável. Para visualizar outra página, o usuário tem que chamar outra página.
Até o momento, diversos esforços têm sido feitos para superar esta limitação com o uso extensivo de código, como JavaScript/Ajax, ou alguma solução DHTML para trazer ao usuário uma experiência similar e até mesmo superior ao uso de uma aplicação desktop.
Portlet é uma maneira de superar a natureza “tudo ou nada” de uma página HTML. Para defini-los podemos dizer que os portlets são o núcleo dos serviços de um portal, onde uma ferramenta de portal utiliza os portlets como uma interface de apresentação plugável, ou seja, aplicações que podem ser adicionadas em qualquer página em um ambiente de portal, com o objetivo de fornecer qualquer tipo de informação na camada de apresentação.
O conteúdo gerado por um portlet é chamado de fragmento, que na verdade é um pedaço de marcação (ex: HTML, XHTML, etc.) aderente a certas regras, de forma que possamos agregar pedaços de vários fragmentos para gerar um documento.
A página de um portal é composta por um ou mais portlets, que são normalmente agregados com o conteúdo de outros portlets para formar uma página. O ciclo de vida de um portlet é gerenciado pelo contêiner de portlet, conforme veremos logo a seguir. Na Figura 2 apresentamos uma página de exemplo do portal open source Liferay, com a disposição de vários portlets.

Figura 2. Exemplo de uma página de portal
Se olharmos atentamente o conteúdo do navegador na Figura 2, veremos que a página é formada por diferentes janelas. Temos uma janela para um dicionário, outra para um RSS, uma terceira para um calendário, e por último uma para o Google Maps. Cada uma destas janelas representa um portlet. Ao analisarmos o detalhe de cada janela, vamos perceber que cada uma delas contém uma barra de título e alguns botões, incluindo os botões de maximizar e minimizar.
Na verdade, estas janelas são aplicações diferentes, desenvolvidas independentemente uma das outras. O programador desenvolve o portlet como uma aplicação web e empacota em um arquivo .war, e o administrador do portal efetua o deploy deste arquivo .war no servidor de portal e adiciona o portlet recém instalado em uma ou mais páginas do portal.
Pelo fato de você poder colocar o portlet em qualquer página, faz com que você possa reutilizá-lo a todo o momento no portal, até mesmo em uma mesma página. No caso da Figura 3, apresentamos uma página com várias instâncias de um mesmo portlet (Locadora).
Figura 3. Várias instâncias do mesmo portlet em uma página

Repare nesta figura que temos um mesmo portlet na página, mas com instâncias diferentes. A ferramenta de portal tem a responsabilidade de garantir sessões independentes da aplicação, mesmo estando todos na mesma página.
Contêiner
Portlets são executados em um contêiner de portlets. O contêiner fornece aos portlets o ambiente necessário para sua execução e gerenciam o seu ciclo de vida.
O contêiner de portlets recebe as requisições oriundas do portal para executar ações nos portlets em seu ambiente. É importante entender que contêiner de portlets não é responsável por agregar o conteúdo produzido pelo portlet que ele está hospedando, quem faz esta agregação é o próprio portal.
Figura 4. Fluxo de criação de uma página de portal
A Figura 4 acima, apresenta como funciona a construção da página de um portal. Podemos notar que os portlets rodam dentro do contêiner, que recebe o conteúdo gerado pelos portlets. Na seqüência, vemos que o contêiner retorna o conteúdo do portlet para o portal. Por último, o servidor de portal cria a página com o conteúdo gerado pelos portlets e envia para o dispositivo cliente, onde é renderizada (por exemplo, um navegador).
Contêiners de Portlet e Contêiners de Servlets
Os portlets possuem várias similaridades com os servlets, como ambos serem componentes gerenciados por um contêiner especializado, ambos gerarem conteúdo dinâmico, por ambos interagirem com um cliente web através de request/response HTTP. Entretanto, os portlets não podem ser tratados como servlets por conta dos seguintes fatores:
  • Geram somente fragmentos de página no método de renderização, e não documentos completos;
  • Podem somente ser invocados através de URLs construídas através da API de portlet;
  • Clientes web interagem com os portlets através do sistema de portal;
  • Possuem modos pré-definidos de portlet e estados de janela que indicam a função que o portlet está executando;
  • Possuem um tratamento de requisição refinado para action, eventos, requisições de renderização e requisições a recursos;
  • Não possuem acesso a certas funcionalidades fornecidas pelos servlets, como a URL de requisição do cliente ao Portal, ou atribuir o encoding de caracteres para a resposta ao cliente.
Por conta destas diferenças, o JCP decidiu criar para portlets um novo tipo de componente. Porém, ao formular a especificação de Portlets, o JCP procurou sempre que possível, potencializar o uso das funcionalidades fornecidas pela especificação de Servlets. Isto inclui deployment, classloading, aplicações web, gerenciamento de sessão e request dispatching. Por isso, diversos conceitos e partes da API de Portlets foram modelados a partir da API de Servlet.
Os objetos criados em uma aplicação de portal, como portlets, servlets e JSPs são empacotados como uma aplicação web comum (.war), e irão compartilhar o mesmo classloader, contexto de aplicação e sessão no ambiente de execução.
 
No próximo artigo sobre o assunto, vou falar sobre as JSRs 168 / 286 sobre a criação de Portlets. 

Java Magazine 73 - Portais Corporativos

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


No mês de Novembro, publiquei um artigo na revista Java Magazine, fazia um tempo que não escrevia por conta de um projeto que estou tocando.

O tema do artigo é "Portais Corporativos", Neste artigo é apresentado na teoria e na prática os fundamentos do desenvolvimento de portlets em portais corporativos e a importância de Portais no contexto de SOA (com a colaboração de meu amigo Marcelo Zanatto, que falou sobre SOA e Integração com Portais). Como é de costume, o artigo é bem longo e entra a fundo nas tecnologias envolvidas na construção de um grande portal, como as JSRs 168/286, que contemplam a criação e o ciclo de vida de um portlet. É explicado também como definir WSRPs, que são os web services para portlets remotos, e como converter uma aplicação JSF para um portlet com o uso do Portlet Bridge.

Como demo, utilizei o NetBeans para montar e configurar um ambiente para o desenvolvimento de portlets utilizando o Contêiner de Portlets, o pacote WSRP, e a biblioteca JSF/Portlet Bridge do projeto livre OpenPortal junto ao servidor de aplicações Glassfish V2.


Nesta edição, ainda são apresentados os seguintes artigos.
  • JavaOne 2009: Java + Community = Powerful
  • Desenvolvendo com JavaServer Faces
  • Portais Corporativos
  • Desenvolvendo com Hibernate
  • Spring-WS de ponta a ponta
  • O diferencial Scrum
Diversão Garantida!!

Web Services WS-* vs REST.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Muitos sites, blogs e fóruns têm colocado seus pontos de vista em relação ao uso de web services REST e SOAP, gerando muitas vezes calorosas discussões.

Na verdade, não existe uma disputa entre eles, pois cada um possui uma proposta bem diferente. Vários estilos diferentes de aplicações tem sido utilizadas para integrar sistemas de informação corporativos, entre as opções, existem os banco de dados compartilhados, transferência de arquivos (EDI ), remote procedure call (RPC), ou troca de mensagens assíncronas via uma sistema de mensageria. Ao fazermos uma comparação entre REST e WS-* (pronucia-se ws-star), precisamos fazer uma comparação quantitativa baseado em princípios arquiteturais que envolvem questões relacionadas a cenário, tecnologia, métodos, formato dos dados trafegados, segurança, transação, entre outros fatores da sua aplicação. Devemos lembrar que estas tecnologias surgiram para suprir estes problemas recorrentes na maioria dos projetos de software, que é a interoperabilidade.

Foi quando começaram a surgir esforços da comunidade de buscar dos grandes players interoperabilidade entre suas plataformas, aplicações, e linguagens de programação. Foi quando surgiram as especificações WS-*, que atendem tanto ao estilo RPC quanto mensageria. A especificação SOAP não define como deve ser um message header, ou elementos do corpo do envelope, dessa maneira podemos ter aplicações que customizem o tipo de header que ela aceita, e o tipo de informação que deve estar vinculado ao body para uma operação em particular, sem falar que algumas dessas informações podem ser compartilhadas por diferentes aplicações, sem falar em questões de segurança, roteamento de mensagens, entre outros fatores.

As especificações WS-* definem padrões para mensagem, troca de metadados, segurança, entre outros. No mundo Java, para implementar este mundo de especificações, foi aberto o projeto WSIT (antigo projeto Tango) como parte do projeto Metro, que por sua vez faz parte do projeto Glassfish, veja a Figura 01 os padrões (em verde) utilizado no projeto WSIT.

Figura 1: Padrões de Web Services utilizados no WSIT.

É claro que para a maioria dos projetos, um web service simples resolveria, mas se começarmos a entrar mais a fundo no mundo orientado a serviços, começa a surgir a necessidade de integração com diversos sistemas, naturalmente teremos que utilizar estes padrões. É somente olhar para a figura 01 que já causa calafrios em muitos desenvolvedores, mesmo com suporte eficiente nos IDEs existentes.

Com isto, vemos claramente que a arquitetura de web services baseadas nas especificações WS-* é muito bem definida, com regras para trocas de dados, segurança, o que por conta de seu excesso de padrões acabou se tornando uma solução muito complexa.

Mesmo com toda a complexidade, serviços WS-* têm tomado cada vez mais espaço no mercado, graças aos projetos SOA que tem adotado largamente serviços WS-* por sua independência e transparência de protocolo. Por outro lado, REST é muito mais simples, como uma resposta para todos estes padrões e especificações, para utilizar REST basta ter um conhecimento razoável sobre HTTP e seus métodos.

Enquanto web services WS-* são orientados a atividade/serviço, serviços REST são orientados a recurso. Quando falamos em desenvolver serviços SOAP, estamos falando em criar APIs, contratos (WSDL), onde o WSDL descreve os detalhes de implementação, como as operações e os tipos de dados trafegados. REST por outro lado, conforme explicado no inicio diz respeito a utilizar o protocolo HTTP para manipular o estado de um recurso. Fazendo uma analogia, podemos dizer que assim como a linguagem de manipulação de dados (DML) do SQL é utilizada para manipular as informações de um banco de dados transacional, REST utiliza os métodos (verbos) do protocolo HTTP para manipular o estado de uma informação. Com estes verbos, podemos fazer praticamente tudo o que quisermos com os dados, independente se usarmos SQL ou HTTP.
Ao mapear os métodos HTTP (POST, DELETE, GET E PUT) com operações DML de um banco de dados temos a seguinte estrutura, conforme ilustra a tabela 01.

Métodos HTTP / Operações CRUD
GET -> SELECT
POST -> INSERT, UPDATE
PUT -> INSERT, UPDATE
DELETE ->DELETE

Tabela 01. Associação dos métodos HTTP com operações CRUD.
Na tabela podemos notar que podemos ter mais de uma operação relacionada a um verbo HTTP, como por exemplo, o método POST, que pode ser utilizado para diversas ações. O método PUT nos dá a possibilidade de criar um novo recurso, ou substituir por outro mais atualizado. Apesar dos diversos tutoriais e exemplos que encontramos na internet sobre REST que envolvem operações CRUD, isso não quer dizer que temos que ficar presos somente a estes tipos de operações. Por conta de sua própria natureza, REST é mais fácil e funciona muito bem com CRUDs, mas podemos em nosso design criar serviços REST. Web Services RESTful.



Pontos Positivos
Pontos Negativos
  • Linguagem e plataforma agnóstica.
  • Simplicidade, interface imutável.
  • Interação assíncrona, não possui estado.
  • Facilidade de adoção, pois não requer uma grande infra-estrutura, muito menos um middleware para WS-* ou camada intermediária adicional.
  • Utiliza a própria web como meio de transporte, sendo assim uma carga baixa para a rede.
  • Utilizada por grande parte das aplicações Web 2.0. (Google, Flickr, Amazon, etc..). Portanto, ótimo para mashups.
  • Curva de aprendizagem baixa.

  • Faltam padrões.
  • Falta de segurança (dados sigilosos não deveriam ser enviados como parâmetros na URI).
  • Não é indicado para trafegar grandes volumes de parâmetros via URI, no caso de PUT/POST para inclusão de dados, por exemplo.
  • Em muitas empresas apenas os métodos GET e POST do HTTP são liberados em proxies e firewalls. Dentro desta limitação, muitos preferem utilizar os métodos GET para requisições de consulta e POST para todo o resto.
  • Não há mecanismos de transação (Do it yourself)
  • Não existe um padrão como UDDI para service discovery.

Tabela 02: Pontos positivos e negativos de REST

SOAP


Pontos Positivos
Pontos Negativos


  • Diversas ferramentas de desenvolvimento.
  • Tipagem forte e um vocabulário bem definido.
  • Quando utilizado sobre HTTP, dificilmente é bloqueado por proxies e firewalls.
  • Permite o uso de diferentes tipos de protocolos.
  • Plataforma independente.
  • Linguagem independente.
  • Diversos padrões.
  • Complexidade dos padrões.
  • Performance.
  • Mensagens podem ficar muito extensas, por serem codificadas com XML
Tabela 03: Pontos positivos e negativos com SOAP.

Fazendo esta pequena análise, chegamos á conclusão de que ambas as soluções são úteis, e a utilização de cada uma depende do contexto em que será aplicada.

Referências (Links):

[Parley] A Little REST and Relaxation: http://tinyurl.com/cm33t2
Estilo SOAP vs Estilo REST: http://www.ibm.com/developerworks/webservices/library/ws-restvsoap/
Descrevendo Serviços REST com WSDL 2.0: http://www.ibm.com/developerworks/webservices/library/ws-restwsdl/
Bruno Pereira: http://brunopereira.org/2008/05/14/precisamos-de-um-descritor-de-servicos-rest/

[Resumo Executivo] Evento Smart SOA 2008 IBM

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


Na semana passada, no dia 08 estive presente no evento Smart SOA da IBM, uma iniciativa da IBM que levou para 100 cidades ao redor do mundo as novidades em Smart SOA e o lançamento da nova linha de produtos WebSphere, e preparei um resumo executivo do que vi.

O evento foi focado na nova linha produtos Websphere da IBM para suporte a implantação de SOA e foi demonstrado um case de sucesso, da empresa OJC - Organizações Jaime Câmara (TV Anhanguera). Que adotaram a linha de produtos da IBM para implantar os seus processos.

Na primeira apresentação, o vice-presidente de marketing de produto WebSphere Paul Brunet, deu uma introdução ao conceito de SOA e em BPM, neste último tópico, ressaltou a importância da área de negócio mapear os seus processos com BPM.

Afirmou que uma implantação de SOA, requer mudanças nos planos de negócio, e demonstrou alguns números interessantes, como por exemplo, que no mundo dos negócios, 83% dos CIOs esperam mudanças reais em seus processos de negócio, e que 98% dos planos de negócio mudam em decorrência da estratégia corporativo, que por sua vez buscam mais performance e agilidade em seus processos de negócio.

Citou também as prioridades TOP dos CIOs que são:

  • Tornar os processos locais (departamentais) em processos globais (corporativos).
  • Tornar os processos que são automáticos e visíveis em processos dinâmicos, de fácil adaptação e baixo tempo de resposta.

Foi proposto que BPM possibilita a mudança do negócio, sendo SOA o Core (Núcleo) do BPM. Após a apresentação dos conceitos, foi dada uma visão geral do ferramental, entre seus produtos podemos destacar:

WebSphere Process Server para gerenciamento de tarefas humanas e orquestração de processos. O produto oferece visibilidade dos processos em real time de forma consolidada e customizada.

Monitoração dos processos chaves (KPI) e configuração para recebimento de email de acordo com índice.

WebSphere Business Modeler que é uma ferramenta gráfica para gerar os diagramas do BPM, e que é possível gerar os processos executáveis (geração de código). É possível importar modelos criados no Visio e PowerPoint para esta ferramenta.

WebSphere Business Monitor monitoração dos processos e eventos de negócio.

WebSphere Business Events que é um módulo para a parametrização de eventos do sistemas, onde foi explanado o conceito de BEP - Business Event Process, integrado com o módulo WebSphere Business Monitor,

E finalmente foi apresentado o IBM BPM Suite, que é a suíte de ferramentas para SOA da IBM, que fornece em seus módulos o gerenciamento dos eventos de negócio, o controle do conteúdo ativo, relatórios analíticos que dão uma visão real-time das vendas, um engine de regras, seleção de serviços e policies.

Na apresentação de Takeshi Kamimura, ele explicou a importância do alinhamento entre TI e da área de negócio para a implantação de SOA, sem este alinhamento não é possível montar uma arquitetura orientada a serviços. Apresentou estudos que provam que quando existe um alinhamento entre TI e negócios os ganhos de produtividade DUPLICAM.

E apresentou em um quadro padrão das fases de implantação de SOA por abordagem, o percentual em que as empresas brasileiras hoje se encontram.

Como criar o alinhamento entre TI e as áreas de negócio:

  • Desenvolver uma linguagem compartilhada, que TI e negócio entendam.
  • Deixar claro as prioridades (compartilhada).
  • Estabelecer equipe para tomada de decisões conjunta.
  • Utilizar uma linguagem de mercado.
  • Fazer referência à validação externa. (O que existe de melhores práticas no mercado)

Na apresentação do case de sucesso da OJC, Júlio de Oliveira o atual gerente de TI explicou o que os motivou a adotar SOA e a escolha da IBM como parceira. Foram feitas Provas de Conceito, RFP, RFI que apontaram a necessidade de mudança para SOA. Este estudo revelou a IBM como a empresa que atende o negócio. Após escolher a IBM como fornecedora e com base nestas informações montaram uma matriz SWOT para implantação de SOA, que foi aberta para o público, conforme segue:

Para as fraquezas foi montado um plano de ação conforme segue:

  • Reestruturação da equipe.
  • Fixação dos conceitos SOA.
  • Treinamentos contínuos em Java.
  • Workshops sobre as ferramentas.
  • Hands-On.
  • Envolvimento dos consultores do ERP.
  • Foco nas especificações de regras de negócio e na integração.
  • Treinamento Oficiais IBM.
  • Mentoring por Terceiros.
  • Migrar de forma gradual.

Plano de Ação para as Oportunidades.

  • Apresentar conceitos macros, as oportunidades imediatas e as possibilidades em longo prazo (Planejamento Estratégico).
  • Exposição dos resultados parciais. (Quick Wins).
  • Pulso Firme:
    • Equipe
    • Parceiros
    • Clientes Internos.

E por fim, eles apresentaram o case selecionado (Faturamento) para implantação, os fatores que o levaram a escolher este case foram a Relevância, a Rastreabilidade, o Monitoramento e o Risco agregado, tudo isso alinhado aos objetivos do negócio. Com base nestas informações eles selecionaram o sistema de Faturamento.

É importante frisar que em dois anos de implantação de SOA, hoje eles estão em transição para a fase de Transformação (vide quadro acima), e que eles fizeram esta migração para SOA de forma gradativa, e que somente HOJE estão estruturando uma área de Governança em TI, que até então não existia.

Algo que para ser sincero eu nunca teria pensado, até ver a palestra, para mim era inconcebível implantar SOA sem governança. Vivendo e aprendendo !!!